quinta-feira, outubro 30, 2008

A minha próxima vida

Recebi esta mensagem por email, e aparentemente este ditame é atribuído a Woody Allen. Quer seja, quer não, está genial. Leiam:

Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voila! Acaba como um orgasmo!

Digam lá que não está genial!

Obrigado, E., pela missiva!

Fotos... finalmente!



Wroclaw

Um cheirinho de Wrocław...

quarta-feira, outubro 29, 2008

Ambulâncias!

Desde que cheguei à bela Wrocław que algo me intrigou: sim, falo mesmo das ambulâncias.

Pensem no seguinte: se andarem 1 hora que seja na rua, quantas ambulâncias esperam encontrar a passar em alta velocidade pelas ruas? Uma... em cada semana?

Pois bem, por cá o panorama é diferente... em quase duas semanas de estada, o valor oscila entre as 1 e 2... por dia. Fora as que já me acordaram às tantas da manhã. Ontem por exemplo, a primeira do dia passou às 7:20 da manhã, quase que me acordando.

Estou neste momento numa acção de formação com colegas de países como a China, Polónia e África do Sul, e pelos vistos os únicos que acham isto natural, são, pasme-se.... os polacos! :-D Melhor ainda, eles nem notam que as ditas passam (umas 3 ou 4 durante a formação). Só depois de lhes chamarmos a atenção é que de facto concordaram. Já cheguei ao ponto de fazer apostas no que diz respeito ao número de ambulâncias que vamos encontrar pelo caminho até ao hotel!

A questão que se coloca aqui é mesmo: porquê, porquê, porquê?
  • Será que as pessoas caem que nem tordos nas ruas?
  • Será que há dezenas de acidentes graves nos arredores? (digo nos arredores porque não vi nenhum no centro da cidade, por onde costumo passear)
  • Será que os condutores das ambulâncias estão ansiosos para ir ver os fabulosos filmes da televisão pública em que apenas uma pessoa lê as vozes de todas as personagens, manifestando a mesma emoção que um programa de leitura de texto de 1992? (sim, não estou a brincar!)
  • Será que compraram sirenes novas e querem testá-las... todos os dias, a todas as horas?
Deixem-me dormir, caramba! :-)

sábado, outubro 25, 2008

A hora vai mudar em Wrocław

E sabem como é que eu sei?

Porque me colocaram a seguinte mensagem debaixo da porta do meu quarto:

Szanowi Państwo,

Pragniemy przypomnieć, że dzisiejszej nocy, tj, 25/26.10.2008 r., następuje zmiana czasu na czas zimowy. Należy przestwić zegarki z godziny 3:00 na 2:00.

Estamos entendidos?

P.S: Já sei algumas coisas da língua polaca... a cidade onde estou lê-se em polaco "Vrotsuav" (isto para português ler!)

quarta-feira, outubro 22, 2008

A Polónia é um país moderno

Sempre tive uma impressão da Polónia como sendo um país retrógado, e mais do que católico, muito beato.

Porém, as impressões são mudadas em cada dia que passa. Depois de ter visto um casal de lésbicas apaixonadas aos beijinhos na boca no restaurante onde jantava, aparece-me isto na cantina do meu local de trabalho....

Ora, o que vai desejar ler enquanto espera pela comida: a "Maria", a "Cosmopolita", ou a revista que o caro(a) leitor(a) vê nesta foto? :-)

E é assim a Polónia...

Hmmm...

Muito bem! Leitura de almoço!

Para a semana quero a Hustler. Nunca vi nenhuma e tenho curiosidade.

terça-feira, outubro 21, 2008

Witamy we Wrocławiu!

À Volta do Mundo veio dar um pequeno passeio por motivos de negócio até à cidade de Wrocław, em plena Polónia.

Ficam aqui as primeiras amostras de uma cidade velha e apenas agradável. Espero pelo fim de semana para poder ter uma melhor ideia do me poderá oferecer.

Millenium bank... onde é que eu já vi isto :-)

Não sei onde pára a IV, III, II e I...

Grande marca de banheiras! Dê a ... da sua vida!

sábado, outubro 18, 2008

Sinal que ainda não estou assim tão velho...



...é continuar a gostar disto como gostava há 10 ou 15 anos. Thrash muito bom.
Para consumo ocasional, mas muito muito agradável!

Sinal que estou a ficar velho...



Não tem uma voz absolutamente maravilhosa? A femme fatale feita voz. Estou rendido à Ute Lemper.

domingo, outubro 12, 2008

Porcupine Tree @ Incrível Almadense - 07/10/2008

Quem me conhece já sabe do meu gosto quase obsessivo por esta banda que "quase ninguém conhece, mas que fica quase sempre a gostar" chamada Porcupine Tree.
Estes senhores são exactamente a prova de como o modelo de como o que conta hoje em dia é aparece na rádio, considerando que o ouvinte come o que lhe é servido com ganância e com um critério mínimo. Ora, sem exposição mediática, uma banda mal existe, e eis um exemplo.

Vamos agora transpor esta banda para um modelo onde a música conta mesmo, e o único critério é o do ouvinte, livre de "injecções" do artista A ou B, comandados por grupos de lobbying das editoras e da pressão de ter discos de ouro, platina, ou discos de merda mesmo (pardon my French!): Porcupine Tree é uma banda que de um modo geral consegue agradar a quase todos, seja a minha mãezinha (com temas como "Lazarus") ou um amante de música mais pesada ("Fear Of A Blank Planet", anyone?), passando pelos indefectíveis do rock dito progressivo.

.... e agora que já sabemos o "segredo do sucesso"... foi por isso que a vinda da banda britânica até ao nosso cantinho à beira mar plantado esteve complicada. Eu, pela minha parte, já tinha saciado a minha fome de os ver ao vivo naquele que já referi repetidamente como sendo certamente o melhor concerto da minha vida, juntamente com o Anathema, em Munique, na primeira leg desta tour.

Por isso, um novo espectáculo de Porcupine Tree, desta vez no nosso Portugal, era algo que ia assistir com muito gosto, mas sem o entusiasmo que a primeira vez tem. Foi também a minha primeira vez na mítica Incrível Almadense (que querem, eu não sou de cá! :-)).
O primeiro acontecimento interessante tem mesmo lugar quando chego à entrada da sala e vejo um fulano de capuz preto a atravessar discretamente para o outro lado da estrada. Fico especado a olhar para ele: "Mas... mas... mas eu conheço este gajo....!". Pois, era o senhor Steve Wilson himself a dirigir-se para o autocarro da banda! (isto de actuar em salas onde não há entradas de artistas dá nisto!).

Entrámos e apreciámos o parte do concerto dos Pure Reason Revolution, que sinceramente pouco ou nada me disseram. Foi aliás durante destes que aproveitei e comprei o novo CD de Porcupine Tree (ou uma versão reduzida, já que apenas com membros da banda), "We Lost The Skyline". Talvez tenha adiado a sua compra por ser "mais um álbum acústico", mas estou encantado com o álbum: excelentes arranjos e um som muito agradável, em que apenas os dois guitarristas da banda participam.

Chega a altura de Porcupine Tree. Incrível Almadense em delírio, casa "à pinha" (quem diria, depois de rumores de meia casa apenas!), e.... uma entrada com... Wedding Nails?
Pois é, quem vinha à espera de um concerto onde se tocavam as músicas mais conhecidas deve ter ficado desiludido. As óbvias Trains e Fear of a Blank Planet ficam de fora (sim, na digressão deste álbum!). Quanto ao resto, um som agradável q.b., mas muito alto, o que serviu para "abafar" um pouco a bateria, neste caso. (não me recordo de ter ouvido um concerto com o som perfeito em Portugal - talvez apenas a apresentação do álbum dos Ramp na FNAC em Almada, mas isso não conta!).

Set list:
  • Wedding Nails
  • Normal
  • Prodigal
  • Blackest Eyes
  • Anesthetize
  • Open Car
  • Dark Matter
  • Stars Die
  • Drown With Me
  • Strip The Soul e .3
  • Half-Light
  • Way Out of Here
  • Sleep Together

Encore:
  • Sleep of no Dreaming
  • Halo

Sinceramente, não esperava por músicas como Prodigal, Stars Die (talvez incluída devido ao facto de fazer parte do "We Lost the Skyline"), Strip the Soul, .3, Half Light... O Steve Wilson bem referiu que este não seria o concerto com as músicas que o público estaria à espera.. Comparando com o de 14/11/2007, em Munique, faltam
  • What Happens Now
  • Lightbulb Sun
  • Lazarus
  • Cheating the Polygraph
  • Nil Recurring
  • Waiting
  • Trains
...músicas estas que seriam bem mais "previsíveis"

Ponto alto para a guitarra xuning de Steve Wilson em Half-Light. O Toupeira colocou uma foto on-line muito interessante:


...e sim, os padrões iam mudando. :-)

O concerto acabou faltavam 2 minutos para meia noite, e fiquei com a impressão que todos adoraram... porque é assim quando se come o que se gosta, e não o que se põe na mesa, seja com esta ou com outra banda qualquer.

Uma nota final para o facto, de, estranhamente, não haver qualquer vídeo no Tutubo. Estranhei, e coloquei um vídeo de 35 segundos (!!!). No dia seguinte, tinha o seguinte email do youtube:

From: YouTube
To: XXXXX
Subject: Video Removed: Copyright Infringement

Dear Member:

This is to notify you that we have removed or disabled access to the following material as a result of a third-party notification by Warner Music Group claiming that this material is infringing:

Porcupine Tree - Halo @ Incrível Almadense:
(http://www.youtube.com/watch?v=f5XE2doMQj8)
Please Note: Repeat incidents of copyright infringement will result in the deletion of your account and all videos uploaded to that account. In order to prevent this from happening, please delete any videos to which you do not own the rights, and refrain from uploading additional videos that infringe on the copyrights of others. For more information about YouTube's copyright policy, please read the "Copyright Tips" guide:
http://www.youtube.com/t/howto_copyright.


Gostaria de dar aqui o meu FUCK YOU VERY MUCH à pandilha dos irmãos Warner e seus advogados lacaios devido ao facto de não poder fazer uma fortuna à custa destes 35 segundos do concerto. E eu que ia lançar um Blu-Ray com isto, e que ia valer mais que o felatio da Marylin Monroe em vídeo, MUAHAHAHAHA!

Para finalizar, fica aqui o video de uma das músicas que passou: o vídeo é muito forte e tocante... somehow it brings some memories...


segunda-feira, outubro 06, 2008

A crise do subprime explicada num fenómeno de tascas

À Volta do Mundo decidiu, num momento didático, explicar o problema da crise do sub-prime através de um ambiente mais familiar a estes leitores, ou seja, o das tabernas (*hick*!!!), mais coisa menos coisa!

Dita assim o e-mail que recebi:

O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados'aos seus leais fregueses, uns borracholas, outros desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador com um MBA muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo negociável, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e transformam-nos em Warrants, CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que nem todos sabem exactamente o que quer dizer.

Esses produtos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim). Esses derivados vão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os borracholas de Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência.

E toda a cadeia *_se lixou._*

Viu... é muito simples...!!!

Peço desculpa, mas não sei o que significam aquelas abreviaturas... deve ser algo que teoricamente deveria render muuuuuito, mas com um nível de risco elevado...pois!

Dogville

NOTA: se deseja ver este filme e quer ir "em branco", não leia daqui para a frente! Próximas postas em breve

E se de repente vos dissessem: "Hoje vi um filme com um cenário minimalista, tão minimalista que mais parecia uma peça de teatro (mas daquelas minimalistas!) em ponto ligeiramente maior (imaginem um palco com o triplo do tamanho que estão habituados a ver), em que tudo é imaginário, menos as pessoas e pouco mais.

Agora imaginem que se consegue fazer um filme genial a partir destes ingredientes visuais mínimos. Um filme onde o que interessa está lá, o que não interessa fica ao nosso critério imaginar, com a ajuda das demarcações a giz, até mesmo o cão (!!!).

O resto é uma história da chegada a Dogville de uma estranha, o que nos leva ao fundo do ser humano, e quão merdoso, nojento e mesquinho este consegue ser. É também uma história que nos ensina a manter a nossa dignidade antes que sentimentos menos puros nos corroam e nos tornem um bicho irracional.

Um leque de actores fantásticos, encabeçados por Nicole Kidman, e dirigido pelo génio (não há outra palavra!) Lars von Trier.

E não há muito mais a dizer sobre o filme. É uma obra longa e lenta, mas nunca aborrecida, e claro, ver por quem ainda não teve esse prazer!

Quanto a mim, será, como Into the Wild, um filme a não ver tão cedo. São emoções demasiado fortes para repetir nos próximos dois anos pelo menos.

Dogville... ou o "O filme 'Dogville' contado em nove capítulos e um prólogo'...


quinta-feira, outubro 02, 2008

Quando for grande quero ser CEO

Muito se tem falado da quebra do sistema financeiro, da crise, e dos salários obscenos de alguns CEOs que receberam os seus lindos bónus, apesar da falência iminente. O conceito de "pára-quedas" dourado é conhecido e praticado mesmo no nosso país. Porém, nos EUA, pátria desta crise que se espalha num mundo globalizado, os valores atingim níveis obscenos, tudo em nome da "liberdade de mercado".

Vários casos há, mas vou destacar apenas o do CEO da Washington Mutual, também conhecida como WaMu. Pelos vistos, este senhor, de seu nome Alan Fishman, safou-se à grande. Segundo este artigo, este senhor, que presidiu a empresa durante 432 horas, enquanto assistia ao seu colapso, retirou-se airosamente com o seu pára-quedas de .... mais de 19 milhões de dólares (o que dará algo como mais ou menos €14.000.000, mais cêntimo menos cêntimo!)

Leram bem: 19 milhões de dólares por 18 dias de trabalho, 1.05 milhões por dia, 44 mil por hora (hmmmm.... dá que pensar.... esse senhor fez numa hora o que eu faço, mais euro menos euro, num ano...)

Ora, todos sabemos que o mercado premeia os melhores, numa lógica plenamente "natural". Pelos vistos, esta lógica é uma batata. Porque no final de contas, e como é referido em alguns comentários no sítio já referido acima, o que se consegue deduzir a posteriori é que qualquer um poderia ter ocupado o cargo, dado o aparente incontornável destino da WaMu: a falência. E para se atingir falência pouca diferença há se for pintor, mecânico, polícia ou carteiro.

Na verdade, a minha maior fatia da censura não vai para Alan Fishman - no máximo, podemos alegar um comportamento imoral, devido às condições que aceitou... mas quem não aceitaria?
Vergonhoso e obsceno foi quem criou o pára-quedas dourado para este senhor.

Seja como for, o que parece que acontece aqui é uma alteração dos conceitos que sempre me foram transmitidos, nos quais quem manda recebe mais dinheiro para premiar as suas capacidades de decisão (acertada, espera-se), assim como as suas responsabilidades. Mas pelos vistos, a vida real é diferente, e enquanto um zé-ninguém que arme asneira da grossa é posto no olho da rua, um CEO ou outros membros do Conselho Executivo, por muito grossa que seja a asneira, saem airosamente, abrindo o pára-quedas dourado. E isto parece-me que ultrapassa o criticável "capitalismo selvagem". Parece quase um compadrio... ou então um sistema retorcido e a velha máxima: "Quem parte, reparte e não fica com a melhor parte..." (sim, porque os grandes accionistas também entram neste festim... e os pequenos simplesmente não têm voz).

Laissez faire, laissez passer...