sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Rex mortus est, vivat Rex!

... assim se pensava no final do dia 1 de Fevereiro de 1908, faz hoje precisamente 100 anos. El-Rei D. Carlos regressa a Lisboa vindo de Vila Viçosa, encontrando uma Lisboa tensa, e onde forças mais ou menos radicais congeminavam mudanças mais ou menos radicais. João Franco escapa por sorte a um atentado uns dias antes (simplesmente por ter alterado o seu itinerário nesse dia), e alguém tinha que pagar com o sangue a desgraça da uma Pátria cada vez mais ridícula e miserável, na opinião de muitos.


D. Carlos nega escolta policial reforçada e mesmo o contingente de protecção habitual é reduzido. Para agravar a situação, desloca-se num landau, carruagem aberta, recusando um automóvel. Todas estas circunstâncias contribuiram para o sucesso de Alfredo Costa e Manuel Buiça , tendo este último, exímio atirador e ex-instrutor de tiro no Exército, o responsável pelas balas que mataram o monarca português em pleno Terreiro do Paço. O Príncipe da Coroa, D. Luís Filipe, é também atingido mortalmente.

...e o resto já se sabe. O infante D. Manuel é rei por 2 anos e 8 meses, a I República, o Estado Novo, o 25 Abril... e chegamos ao dia de hoje.

Sempre achei este tema fascinante, e uma das minhas prendas de Natal foi este livro, que descreve com detalhe as movimentações dos diversos grupos existentes, e toda a evolução até ao dia em causa.

Interessante porém a existência de um dito "Site Oficial do Regicídio", que nos brinda à entrada com .... A Portuguesa??? (Porque não o Hymno da Carta?), onde D. Duarte Pio, Príncipe Herdeiro, refere algo muito interessante: "se o 5 de Outubro de 1910 tivesse sido uma coisa boa, o 25 de Abril de 1974 nunca teria sido preciso".

Sou profundamente republicano e recuso liminamente responsabilidades de Estado a alguém só por ser filho de quem manda, mas a verdade é que, após ler um pouco sobre o assunto, concluo que apenas sectores mais extremos como a Carbonária queriam a revolução a qualquer preço, e que de qualquer modo o João Franco era o alvo principal a abater.

Não concordo com o que diz D. Duarte, mas vejo as coisas da seguinte forma: se o regicídio tivesse sido uma coisa boa, o 25 de Abril de 1974 nunca teria sido preciso: a I República nunca se conseguiu libertar do seu cariz revolucionário e anti clerical e estabilizar o País. O Presidente Sidónio Pais é inclusivamente assassinado em 1918. E depois vem a ordem... a ordem de um Estado Novo que nos amordaçou durante 48 anos. Quem sabe se o 5 de Outubro teria ocorrido com um Rei mais experiente no poder... Há historiadores que defendem que se D. Carlos tivesse sobrevivido, Portugal poderia eventualmente entrar numa estabilidade que não via em muitas décadas. Se assim fosse, uma coisa teríamos tido em maior quantidade e qualidade: democracia.

... e perdoem-me a especulação! :-)

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