Tive o privilégio de na noite de quarta-feira passada ter estado presente na Biblioteca Municipal de Oeiras, onde Ricardo Araújo Pereira veio falar para uma audiência que mal cabia dentro da sala (segundo se disse, chegou a exceder a de José Saramago e Lobo Antunes).
Tendo chegado 20 minutos antes da hora, encontrei um lugar sentado (ao contrário das largas dezenas de pessoas que tiveram que permancer em pé ou sentar-se nas escadas). Esperei pacientemente até que Carlos Vaz Marques, o anfitrião, o trouxe até nós. Foram duas horas que passaram depressa e onde RAP demonstrou toda a sua cultura literária, que vão desde sonetos de Bocage, Pessoa (que ele sabe de cor), a José Gomes Ferreira, Lobo Antunes, etc.
Incrível também a facilidade com que consegue "sacar" uma piada de basicamente qualquer assunto. Mesmo sabendo que o seu principal ganha-pão é a escrita humorística, fazer humor "em cima do acontecimento" requer uma dose de genialidade extra!
Por mim, estou fã da iniciativa Café Com Letras. Perder duas horas da nossa vida a ouvir alguém tão inteligente como Ricardo Araújo Pereira a falar sobre diversos assuntos é uma honra. Venham mais assim!
Gostaria de vos deixar com um poema de Bocage, também recitado por RAP. A beleza e a subtileza de um génio :-)
"É pau, e rei dos paus, não marmeleiro, Bem que duas gamboas lhe lobrigo; Dá leite, sem ser árvore de figo, Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro: Verga, e não quebra, como zambujeiro; Oco, qual sabugueiro tem o umbigo; Brando às vezes, qual vime, está consigo; Outras vezes mais rijo que um pinheiro: À roda da raiz produz carqueja: Todo o resto do tronco é calvo e nu; Nem cedro, nem pau-santo mais negreja! Para carvalho ser falta-lhe um U; Adivinhem agora que pau seja, E quem adivinhar meta-o no cu."
Gostaria de vos deixar com um poema de Bocage, também recitado por RAP. A beleza e a subtileza de um génio :-)
"É pau, e rei dos paus, não marmeleiro, Bem que duas gamboas lhe lobrigo; Dá leite, sem ser árvore de figo, Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro: Verga, e não quebra, como zambujeiro; Oco, qual sabugueiro tem o umbigo; Brando às vezes, qual vime, está consigo; Outras vezes mais rijo que um pinheiro: À roda da raiz produz carqueja: Todo o resto do tronco é calvo e nu; Nem cedro, nem pau-santo mais negreja! Para carvalho ser falta-lhe um U; Adivinhem agora que pau seja, E quem adivinhar meta-o no cu."
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